13 de jul. de 2011

Palavra, palavra se me desafias...

No principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. João 1:1
E disse Deus: Haja luz. E houve luz. Gênesis 1:3

Tudo tem um início…
A palavra é o nascedouro de muito do que há.
Amores e desamores, guerra e paz, o nascer e o morrer.
A finitude…
A eternidade…
Vivemos no tempo do efêmero e descartável, porém, a palavra tem o poder de imortalizar grandes momentos e singelos sentimentos. Do inocente diário de uma adolescente, onde ela guarda seus sonhos e segredos a um tratado internacional - a palavra é o mote, a palavra é o registro.

A palavra é carregada em si do poder de trazer à memória momentos e sentimentos já vividos há tempos, por isso é preciso registrá-los. Outro dia reli um livro da época de minha adolescência: A sombra das bananeiras de Lilian Malferrari - fiquei muito emocionada, pois, o texto me fez reviver momentos lindos de uma época em que os livros eram meus melhores e inseparáveis amigos.

Gostei do sentimento e busquei o Meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcellos. Me deu uma baita saudade do tempo que minha casa tinha quintal e das aventuras que vivi nele.

Fui para Pollyanna de Eleanor H. Porter, ruim foi perceber que ficou mais difícil fazer o jogo do contente hoje.

Reler Sombras de Reis Barbudos e a A Hora dos Ruminantes de José J. Veiga me deu a clara certeza que tais obras continuam atuais e tão fortes quanto eram pra mim naquele tempo. O autor me levou a perceber que as palavras podem dizer uma coisa querendo dizer outra, mesmo sem saber o significado de alegoria e metáfora naquela época.  Na adolescência minha leitura era ainda muito inocente, mas aprendi com José J. Veiga que é possível protestar contra aquilo que nos faz sofrer de uma forma artística e bela. Infelizmente, até hoje, os ruminantes continuam a pisotear muito do que amamos, mas como disse o Maior Sábio: basta a cada dia o seu próprio mal – Mateus 6:34b.  

Finalmente relembrei Senhora de Jose de Alencar. Tornei-me adulta admirando a força, elegância e autocontrole de Aurélia Camargos - minha heroína favorita.

Quanto li de lá pra cá. O legal é que nunca perdi a alegria da descoberta, a gostosura do cheiro das páginas e a delícia que é o desgrudar das folhas de um livro novinho…

Como amo as palavras e a forma como podemos registrar o que não merece ser esquecido! Este é o meu objetivo para esse espaço: registrar delicinhas que não quero perder e acho que vale a pena dividir.

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato são histórias do passado que não voltam mais, assim como nossa vida real. Porém temos que buscar neste novo modelo de vida, algo que possa substituir um modelo que foi estilizado por Monteiro Lobato, por uma vida com todo o seu aparato tecnológico, que é o que temos presente. Mas que em ambos os casos, tenham algo similar como a retidão, o respeito ao outro e a busca incessante pelo conhecimento (vide Pedrinho e Visconde). Havia também nos personagens de Monteiro Lobato um simbolismo histórico como pano de fundo, que é o embate entre o bem e o mal, o que persiste até hoje, independente da temática. Com isso que dizer que os nossos filhos ou amigos em geral, pode até não passar a ter uma infância da qual gostaríamos, porém ela terá ao longo de sua vida de fazer escolhas, e tais escolhas estão claras em todos os contextos, seja na história de Monteiro Lobato ou em outras.