20 de jul. de 2011

Afonso Pena 100 Anos



 "Eu também faço parte dessa história"

É, acho que me tornei adulta....

Relembrar o passado, muitas vezes, pode significar sorrir duas vezes e quase morrer de saudades. Quase consigo ouvir os burburinhos dos alunos nos corredores do Afonso Pena. Quase consigo sentir o gosto do bolo com cobertura de chocolate vendido no recreio. Não era uma cobertura comum, destas que comemos em casa... ela era sequinha e quebrava na boca! O mesmo nos era entregue, gentilmente, pela tia Ilca.

Cheguei ao Afonso Pena na primeira série e só saí na oitava, na minha época ainda não tinha o segundo grau. A minha turma da quinta à oitava série permaneceu quase a mesma. Lembro dos dois alunos que achava mais bonitos: um moreno de nome enorme, Paulo Alessandro Espírito Santos Costa, e um louro que apelidamos de mexerica: Daniel Lara. Lembro de minhas duas melhores amigas, Simone que hoje é bibliotecária e Rosemere que é cabeleireira.

E os professores... que saudades sinto de cada um deles!
- Profa. Terezinha de Matemática era pequenininha, linda e parecia uma tímida moça da roça.
- Profa. Nádia de História era elegante e igualmente linda, ela sempre falava sorrindo!
- O Prof. Osmar que além de intelectual tocava violão.
- O saudoso Prof. Jorge, que em início de carreira, dava aulas de matemática e arrancava suspiros das meninas por causa de sua beleza morena.
 - E a Profa. Rousaline Maria Felisarda! Ela cantava as regras gramaticais e também arrancava suspiros dos meninos, pois era uma belíssima mulher. Jamais me esqueci: acentua-se o penúltimo “o” fechado do hiato “oo” quando este for tônico.
- A Profa. Neiva, que naquela época já cultivava o charmoso topete e exalava um delicioso perfume.
- E a delícia da Profa. Albertina! Meiga, delicada e sempre com uma lição de vida a ensinar!
- Além destes tinha o Valmir, com seu bigodão avermelhado! Esse homem quase me matava com suas difíceis provas e se redimia em seguida com suas deliciosas aulas de ciências. Quando penso nas pessoas inteligentes que conheço, sempre me lembro dele!
- Os professores Eduardo e Ivani que davam aulas de educação física de uma maneira muito mais criativa que as aulas de hoje! A única coisa terrível era o shortinho vermelho, do uniforme, que parecia uma calcinha e me matava de vergonha!
- Tinha a Profa. Cássia que ensinava Geografia e falava de política social com aqueles pirralhos de 12 anos. Mas valeu à pena...
- Tínhamos aulas de artesanatos que faço até hoje. A Profa. Dizia que podíamos ganhar nosso dinheirinho com as peças que fizéssemos e isso aconteceu comigo várias vezes.
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Agora falar do Afonso Pena, sem falar do Prof. Dalírio seria um crime! Lembro até hoje daquele homem baixinho, bravo e que com sua personalidade forte se transformava em um gigante! Lembro de suas aulas de OSPB (Organização Social e Política Brasileira), nas quais ele discutia questões históricas da formação política de nosso país de forma crítica e manifestava seu desejo de que as pessoas não se deixassem manipular por governantes, mas que tivessem autonomia na tomada de decisões. O engraçado é que estávamos em pleno governo militar, fui sua aluna em 1981! Ele se arriscava em aulas que aos olhos dos governantes da época eram subversivas e passíveis de punição. Pensar que somente após 1988 com a aprovação de uma nova Constituição Federal e em 1989 com a realização das eleições diretas para Presidente da República é que o mesmo estaria “liberado” para discutir esses assuntos. Este homem marcou minha vida e sempre me lembrarei dele com carinho.

Os adultos dizem: “bons tempos aqueles, era feliz e não sabia.” Agora começo a achar que me tornei adulta! Se pudesse voltar no tempo... que saudades de tudo isso! Que bom que também faço parte da história do Afonso Pena!


OBS: A Tradicional Escola Estadual Conselheiro Afonso Pena, localizada no centro de Betim, completou o seu primeiro centenário em 2010. Este texto estava guardado e me deu muita vontade de dividi-lo com alguém.

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