28 de jul. de 2011

Todo o meu amor a Chico Buarque

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Confesso que ando meio preguiçosa com as novas músicas nacionais. Estamos na era do “Você, você, você, você, você, você, você quer?”  e isso é desesperador. Ai que saudades de uma boa música! Vivemos uma entressafra que parece ser eterna! A nova geração regrava músicas antigas e os bons letristas já não tem uma produção tão fecunda...

Felizmente, nem tudo está perdido, Chico Buarque está melhor que nunca! Ele nos presenteou com dez músicas maravilhosas no CD que leva o seu nome Chico. Não tenho a pretensão de fazer crítica ao trabalho de tão grande compositor e intérprete, apenas teço algumas considerações sobre as músicas. Na verdade foi a forma que achei de estar mais perto dele, que além de tudo anda mais lindo do que nunca!

Em Rubato, me faz sentir inveja de Teodora... como eu queria receber tão delicada canção de amor. Senti um pouco a agonia que a cópia causa em um criador. Mesmo indiretamente é possível perceber uma crítica a aqueles que copiam obra alheia e vão “cantando sem pudor”.

Tipo um baião mostra um Chico bem próximo à nova geração que faz uso do jargão “tipo assim” o tempo todo. O diário informal (http://www.dicionarioinformal.com.br) diz que o termo é utilizado quando o interlocutor não tem o domínio do assunto em questão. Porém o que vemos na música é exatamente o contrário! Chico fala do que mais sabe falar: o amor! Essa letra é a cara de uma adolescente e agrada perfeitamente a uma balzaquiana... Chico Buarque brinca com as palavras e mantém o dom de seduzir as mulheres em qualquer idade!

Se eu soubesse traz uma voz feminina que muito bem nos representa! Ouvimos nas músicas de Chico lindos galanteios, palavras doces que fazem com que a mulher se sinta plenamente amada. Essa canção faz exatamente o que as fãs de Chico mais gostariam de fazer... falam pra ele o quanto ele é irresístivel.

Sem você nº 2 é poema, é doce, é belo, é sensível. Com linguagem simples demonstra a produndesa do sentimento, da solidão em decorrencia da ausencia do ser amado.

Sou eu em parceria com Ivan Lins mostra uma mulher sensual, musa dos bons sambistas, exalta a sensualidade feminina sem romper a línha tênue da vulgaridade. Sou eu é bem apropriada para esse momento cultural em que há uma reafirmação do  arquétipo da mulher objeto.  

Nina é uma delicada história de amor vivida à distância, virtual. Através de uma descrição sinestésica nos aproxima do clima que existe entre ele e Nina. Há um apelo visual: a cor da pele e dos olhos da amada e apelo gustativo: a vodca, que tem gosto forte e entra em oposição ao clima ameno e delicado da narrativa. A descrição que ele faz do que pode ver da tela me lembra muito o Google maps, ou seja, pela tela do computador o narrador pode ver a “cidade, o bairro, a chaminé da casa dela” e na seqüência “imaginar por dentro a casa, A roupa que ela usa, as mechas, a tiara” e até “adivinhar a cara que ela faz” quando escreve. Isso é maravilhoso! Como o uso das palavras nos remete a um ambiente fictício e sentimos, vivemos o que o ele nos conta!

Barafunda é o que o nome diz que é: uma confusão uma bagunça, porém ao estilo de Chico! Várias mulheres: Aurora, Aurélia, Ariela, Glorinha, Maristela, Soraia, Anabela, Aurora e Barbarela. Tem vários locais: Penha, Glória, Penha e até Cazaquistão. Mistura de cores: saia amarela, cabelos pretos, bandeiras vermelhas, azul da Terra, verde e rosa, dia azul e manto cinzento. Mistura futebol, carnaval, guerra, ida do homem à lua, ecologia com “salve a floresta”, poesia e samba. Jogadores de futebol: Garrincha, Zizinho e Pelé. Homenageia Cartola e Mandela e a sua escola de samba do coração: Mangueira. Tamanha miscelânea poderia não dar em nada, mas como na teoria do caos, do imprevisível e caótico pode surgir algo e neste caso algo mágico, maravilhoso como esta música!

Ouvi na entrevista de bastidores (http://www.chicobastidores.com.br/) que Chico Buarque fez um estudo sobre o uso do vosmecê, vosmincê, vassuncê e vossa mercê, nada na obra dele é por acaso. Essa música me lembrou muito as novelas de época, como Escrava Isaura e Sinhá Moça. Achei tão lindo quando Chico diz “Com olhos tão azuis, me benzo com o sinal, da santa cruz.”

Termino falando da primeira música do CD, Querido diário, ouvi esta música de manhã, a caminho do trabalho. Fiquei tão tocada com a sensibilidade de Chico Buarque. Meu pensamento foi: como um homem pode ter uma obra tão fecunda, tão rica e mesmo após tantos anos de criação não se esgotar a sua capacidade de criação!? Identifiquei-me tanto com essa música que é como se fosse uma página do meu próprio diário. Meu querido autor materializou toda a dualidade que perpassa em minha mente e que nem eu mesma consigo verbalizar. Amigo e inimigo, carinho e tocaia, religião e sacrifício, amor e choro... como eu amo o Chico!

Para ilustrar, deixo a terceira faixa, a mesma fala por si só: Minha Pequena.

Essa Pequena
Composição: Chico Buarque

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Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela

Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la

Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai

Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena


Referências:

Imagem 1: http://www.sweetslyrics.com/images/img_gal/2036_chico_buarque.jpg
Imagem 2: http://www.chicobastidores.com.br


26 de jul. de 2011

Amy winehouse X Edith Piaf

As divas também sofrem

Para mim foi impossível não lembrar Edith Piaf com o desaparecimento precoce de Amy winehouse, duas mulheres talentosas que viveram em épocas diferentes, porém, com semelhantes histórias. Edith e Emy eram mulheres de personalidade forte e voz marcante, ambas sofreram por amor e extravasaram na música a dor.

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Édith Giovanna Gassion, ícone imortalizado da música francesa teve uma infância muito triste, foi abandonada pelos pais, malcuidada pela avó e posteriormente, ainda pequena, amparada em um prostíbulo. Na adolescência buscou o seu caminho e iniciou sua carreira. Dona de uma belíssima voz e de um olhar melancólico viveu em busca da fama e do amor, casando e descasando várias vezes. De forma trágica perdeu aquele que seria o grande de sua vida e o processo de morte iniciou aí: doente entregou-se ao alcoolismo para aliviar a dor da alma e à morfina para aliviar a dor do corpo. Essa mistura levou à morte o pequeno pardal (apelido recebido por ter uma pequena estatura).


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Já Emy teve uma infância aparentemente “normal” ao lado dos pais e de um irmão. Quando adulta envolveu-se com drogas e muitos escândalos. Seu ex-marido é viciado e a apresentou às drogas pesadas. Em meio a muitas brigas, idas e vindas, Amy e seu ex se consideravam “almas gêmeas”, porém, juntos se destruíam. Emy tinha um temperamento indomável e expressou isso em uma tatuagem que diz “nunca amarre minhas asas” ao lado o desenho de um pássaro. Para surpresa de alguns declarou que sonhava em ter filhos e ser feliz em um lugar longe do cotidiano em que vivia. A cantora não se deixou salvar, as clínicas de reabilitação não conseguiram arrancá-la do vício das drogas e álcool e seu sonho jamais será realizado.

Edith morreu aos 47 anos e Emy aos 27. Ambas atravessaram a vida com tamanho frenesi que jamais passaram imperceptíveis. Para a posteridade deixaram como herança a riqueza de seu trabalho, para mim ficou o sonho de que a sensibilidade e o talento dos artistas que virão não sejam sempre acompanhados do vício e de uma vida desregrada. Que os jovens tenham inspiração com os seus ídolos a viver e realizar grandes coisas, mas com sobriedade.


Sugestão:

Quem gosta de bons filmes e se interessou pela história de Edith Piaf assista a:

Piaf - Um Hino ao Amor.
Título original: (La Môme)
Lançamento: 2007 (República Tcheca, França, Inglaterra)
Direção: Olivier Dahan
Atores: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner.
Duração: 140 min
Gênero: Drama



Referências:



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22 de jul. de 2011

Menina bonita

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Menina bonita.


Menina boneca.


Menina esperta, já sabe interpretar.






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Menina sapeca.

Menina bela.

Menina crescendo e aprendendo a amar.




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Menina elegante.


Menina gigante.


Menina que sabe batalhar.






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Menina mulher.

Mulher menina.

Menina estrela, sempre a brilhar.





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Menina moderna,


Menina Narjara.


Menina Turetta pronta pra voar.









Minha homenagem à Narjara Turetta, atriz talentosa que com sua vida pessoal deu um exemplo de superação. Mostrou que o talento só se refina com o tempo e que é possível recomeçar a qualquer momento!


Legenda:
Imagem 1: http://3.bp.blogspot.com/-2MkM4oOyWGM/TewxTFw2w1I/AAAAAAAAANg/mk8FApTkB8w/s1600/photo-63.jpg
Imagem 2: http://1.bp.blogspot.com/-8bUpHn45YHk/TewzjSZF0dI/AAAAAAAAANo/XKksC27BdT4/s1600/Narjara-Turetta-Mulher-80-02.jpg
Imagem 3:http://blogdoelioficial.blogspot.com/2010/08/agua-de-coco-nunca-mais-diz-narjara.html?zx=c5fb83e6cb04d712   
Imagem 4: http://www.flickr.com/photos/redeglobo/5541722082/

20 de jul. de 2011

Afonso Pena 100 Anos



 "Eu também faço parte dessa história"

É, acho que me tornei adulta....

Relembrar o passado, muitas vezes, pode significar sorrir duas vezes e quase morrer de saudades. Quase consigo ouvir os burburinhos dos alunos nos corredores do Afonso Pena. Quase consigo sentir o gosto do bolo com cobertura de chocolate vendido no recreio. Não era uma cobertura comum, destas que comemos em casa... ela era sequinha e quebrava na boca! O mesmo nos era entregue, gentilmente, pela tia Ilca.

Cheguei ao Afonso Pena na primeira série e só saí na oitava, na minha época ainda não tinha o segundo grau. A minha turma da quinta à oitava série permaneceu quase a mesma. Lembro dos dois alunos que achava mais bonitos: um moreno de nome enorme, Paulo Alessandro Espírito Santos Costa, e um louro que apelidamos de mexerica: Daniel Lara. Lembro de minhas duas melhores amigas, Simone que hoje é bibliotecária e Rosemere que é cabeleireira.

E os professores... que saudades sinto de cada um deles!
- Profa. Terezinha de Matemática era pequenininha, linda e parecia uma tímida moça da roça.
- Profa. Nádia de História era elegante e igualmente linda, ela sempre falava sorrindo!
- O Prof. Osmar que além de intelectual tocava violão.
- O saudoso Prof. Jorge, que em início de carreira, dava aulas de matemática e arrancava suspiros das meninas por causa de sua beleza morena.
 - E a Profa. Rousaline Maria Felisarda! Ela cantava as regras gramaticais e também arrancava suspiros dos meninos, pois era uma belíssima mulher. Jamais me esqueci: acentua-se o penúltimo “o” fechado do hiato “oo” quando este for tônico.
- A Profa. Neiva, que naquela época já cultivava o charmoso topete e exalava um delicioso perfume.
- E a delícia da Profa. Albertina! Meiga, delicada e sempre com uma lição de vida a ensinar!
- Além destes tinha o Valmir, com seu bigodão avermelhado! Esse homem quase me matava com suas difíceis provas e se redimia em seguida com suas deliciosas aulas de ciências. Quando penso nas pessoas inteligentes que conheço, sempre me lembro dele!
- Os professores Eduardo e Ivani que davam aulas de educação física de uma maneira muito mais criativa que as aulas de hoje! A única coisa terrível era o shortinho vermelho, do uniforme, que parecia uma calcinha e me matava de vergonha!
- Tinha a Profa. Cássia que ensinava Geografia e falava de política social com aqueles pirralhos de 12 anos. Mas valeu à pena...
- Tínhamos aulas de artesanatos que faço até hoje. A Profa. Dizia que podíamos ganhar nosso dinheirinho com as peças que fizéssemos e isso aconteceu comigo várias vezes.
http://www.blogger.com/profile/11674174862449232259


Agora falar do Afonso Pena, sem falar do Prof. Dalírio seria um crime! Lembro até hoje daquele homem baixinho, bravo e que com sua personalidade forte se transformava em um gigante! Lembro de suas aulas de OSPB (Organização Social e Política Brasileira), nas quais ele discutia questões históricas da formação política de nosso país de forma crítica e manifestava seu desejo de que as pessoas não se deixassem manipular por governantes, mas que tivessem autonomia na tomada de decisões. O engraçado é que estávamos em pleno governo militar, fui sua aluna em 1981! Ele se arriscava em aulas que aos olhos dos governantes da época eram subversivas e passíveis de punição. Pensar que somente após 1988 com a aprovação de uma nova Constituição Federal e em 1989 com a realização das eleições diretas para Presidente da República é que o mesmo estaria “liberado” para discutir esses assuntos. Este homem marcou minha vida e sempre me lembrarei dele com carinho.

Os adultos dizem: “bons tempos aqueles, era feliz e não sabia.” Agora começo a achar que me tornei adulta! Se pudesse voltar no tempo... que saudades de tudo isso! Que bom que também faço parte da história do Afonso Pena!


OBS: A Tradicional Escola Estadual Conselheiro Afonso Pena, localizada no centro de Betim, completou o seu primeiro centenário em 2010. Este texto estava guardado e me deu muita vontade de dividi-lo com alguém.

Que bom ser mãe...

Sempre sonhei com o momento em que sentiria um bebê mexendo em minha barriga, esse era um sonho abstrato e distante...

Deus quis que primeiro fosse mãe do coração e aprendesse a amar de verdade para depois me dar a honra de gerar um filho. Ele me deu o Pedro, menino lindo, amoroso e que me ensinou o amor incondicional. Desde que chegou à minha vida me trouxe muitas emoções e inseguranças. Tinha medo de errar, de não contribuir para que ele fosse um ser humano melhor. Tinha medo de que ele sofresse, de que se machucasse (física e emocionalmente), tinha medo, medo de tudo.

Aí, Deus me deu o Heitor.
Então passei a ter medo de não comer direito e de que ele não se desenvolvesse como deveria. Medo de atravessar a rua e me ferir, ferindo ele. Medo do resultado dos exames... até que ele mexeu em minha barriga pela primeira vez! Os temores foram amenizados diante de tanta emoção!

Me senti meio bicho. Meio selvagem. Eu tinha dentro de mim um filhotinho que se alimentava, dormia, sonhava e até brincava dentro de mim.

Vivi em estado de graça conversando com aquele barrigão pra todo o lado que eu ia. Não me sentia só, não me sentia menos amada, não me sentia feia! Até que ele veio ao mundo e eu pude ver seus olhinhos, contar seus dedinhos, sentir o cheirinho do seu hálito e alimentá-lo no meu peito.

Nunca pensei que alguém pudesse ser tão feliz assim!

Por isso eu digo e repito: nasci para ser mãe! Meus filhos são a continuação do que sou. Eles perpetuarão a minha história e o meu amor.

Desejo que Deus me dê o equilíbrio, a dose certa para ser uma mãe que os prepare para a vida. Que eles cresçam sabendo que o mundo não gira em torno deles e que têm que ir à luta. Que podem chorar, mesmo sendo homens. Que não se esqueçam que o respeito, a honestidade, o amor, a esperança, a fé e as demais virtudes não saem de moda.  Que mostrar amor e fragilidade não é defeito. Que eles cresçam em atitude e honradez.

Que eles jamais se esqueçam do mistério da piedade: que Deus se fez homem e habitou entre nós. Que Ele se entregou para pagar o resgate de nossas almas!Que eles amem a Jesus e o sigam por todos os dias de suas vidas.

Humildemente peço ao Pai que dê aos meus filhos o discernimento de que eles que podem correr o mundo em busca de seus objetivos, mas que no dia que necessitarem... eu estarei aqui, com meu colo, com meu abraço e com todo o meu mais puro amor.

15 de jul. de 2011

All Star - Nando Reis

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as índias mas a terra avistou em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem ficou pra laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou pra hoje




14 de jul. de 2011

Marmelada de Banana

A turma do Sítio, copiado de:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_3DMGimgiOz64yz56YAHQXzRopiJepR4EYYXHbKheyLD8GixAagqfTv8Ijgt3_i9M7KLsxoDan4iiOFzB2cCe7OYcQAhrtUtny4nnnZTYM-gBDxTjVglwz3nthwUnWu6sOr9LVzwWAo/s1600/sitio+do+pica-pau+amarelo.jpg


Quando penso em minha infância uma das ternas lembranças que me vem à mente é o Sítio do Picapau Amarelo – obra de Monteiro Lobato adaptada para a TV . Juntamente com a maioria das crianças da década de 80 vivi muitas aventuras do meu sofá! Quase conseguia sentir o abraço fofinho de Dona Benta (Zilka Salaberry), o cheiro da broa de fubá de tia Anastácia (Jacyra Sampaio), as aventuras de Pedrinho (Júlio César Vieira), a meiguice de Narizinho (Rosana Garcia) e as peraltices de Emília (Reny de Oliveira)que, aliás, muito me irritava por ser tão arrogante e sabichona!

Cuca, copiado de: http://www.blogols.com.br/wp-content/uploads/2008/12/cuidadocucablogolsflamengo.jpg
Tinha muito medo da cuca (Catarina Abdalla), tão logo começava a música: "cuidado que a cuca te pega daqui e te pega de lá", me encolhia e às vezes até fechava os olhos. Como todo bom vilão a Cuca não deixava de ser engraçada, debochada e até romântica. Lembro-me de um episódio no qual ela mexia seu enorme caldeirão cantando com voz estridente: “Não há oh gente oh não, Luar como este do sertão” (música de Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco). 


As crianças do Sítio tinham uma bela interação com a natureza e com os animais. Quem assistiu ao programa certamente foi influenciado por Narizinho e Pedrinho neste quesito. Infelizmente, a maioria das crianças de hoje não têm a mesma sorte que tínhamos na década de 80. Hoje, quase não temos casa com quintal, muitas mães trabalham fora e mal conseguem cuidar das atividades da casa e dos filhos, em conseqüência os animais de estimação estão em “extinção”. Algumas crianças, como meus filhos, não têm contato nenhum com bichinhos. Lembro-me de duas meninas que conheci em ocasiões diferentes. A uma perguntaram: Fulaninha sabe de onde vem o leite? E ela toda sabida disse: Claro! Vem da caixinha, Né! A outra conheci no zoológico, assim que a menina viu um avestruz gritou bem alto: Olha a vaca! Os dois episódios foram engraçados porque as meninas tinham menos de três anos e a inocência da descoberta fez com que os deslizes fossem perdoados. Porém, criança que assistiu ao Sítio do Picapau Amarelo jamais confundiria uma vaca com uma caixa de leite longa vida ou com um avestruz! 

Dona Benta e Tio Barnabé tirado de:
 http://s0.flogao.com.br/s11/26/04/07/332/101674916.jpg 
Com o Sítio também aprendemos a respeitar e prestar atenção aos mais velhos. Dona Benta e tio Barnabé eram dois idosos que, cada um ao seu modo, ensinava muitas coisas com suas histórias. Eles se tornaram confidentes e amigos fiéis de Pedrinho e Narizinho.




No Sítio trapinho de pano virava boneca falante. Sabugo de milho virava Visconde (André Valli). Não consigo contar quantas bonecas costurei ou quantas vaquinhas construí com bucha verde e palito de fósforo. Fiz velório e enterro de cigarra. Pisei em formigueiro. Adotei aranhas, explico melhor: no pé de laranja tinha uma folha cheia de ovinhos, peguei, guardei em uma caixinha forrada de algodão e vigiei por dias. De lá saíram um tantão de aranhazinhas que obviamente perdi de vista. Tive coelhos, um galo (Piu) e um pato (Pato Malvado) que corriam atrás de crianças, gato perfumado (Chanis), cachorros (Rintim e Rebeca) e até uma porquinha de estimação (Neguinha) que alimentava com mamadeira, pois a mãe dela morreu. Coitadinha! Tive periquito (Tico) e Pássaro Preto (Maria Preta). No quintal tinha horta e frutas. Para mim, minha casa era como o Sítio de Monteiro Lobato.


Sinto pena dos meus filhos que não têm a oportunidade que tive e vivem em um quintal de ardósia, comem somente aquilo que vem do sacolão. Mesmo conhecendo a vaca, para eles, é como se o leite realmente viesse da caixinha!

13 de jul. de 2011

Palavra, palavra se me desafias...

No principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. João 1:1
E disse Deus: Haja luz. E houve luz. Gênesis 1:3

Tudo tem um início…
A palavra é o nascedouro de muito do que há.
Amores e desamores, guerra e paz, o nascer e o morrer.
A finitude…
A eternidade…
Vivemos no tempo do efêmero e descartável, porém, a palavra tem o poder de imortalizar grandes momentos e singelos sentimentos. Do inocente diário de uma adolescente, onde ela guarda seus sonhos e segredos a um tratado internacional - a palavra é o mote, a palavra é o registro.

A palavra é carregada em si do poder de trazer à memória momentos e sentimentos já vividos há tempos, por isso é preciso registrá-los. Outro dia reli um livro da época de minha adolescência: A sombra das bananeiras de Lilian Malferrari - fiquei muito emocionada, pois, o texto me fez reviver momentos lindos de uma época em que os livros eram meus melhores e inseparáveis amigos.

Gostei do sentimento e busquei o Meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcellos. Me deu uma baita saudade do tempo que minha casa tinha quintal e das aventuras que vivi nele.

Fui para Pollyanna de Eleanor H. Porter, ruim foi perceber que ficou mais difícil fazer o jogo do contente hoje.

Reler Sombras de Reis Barbudos e a A Hora dos Ruminantes de José J. Veiga me deu a clara certeza que tais obras continuam atuais e tão fortes quanto eram pra mim naquele tempo. O autor me levou a perceber que as palavras podem dizer uma coisa querendo dizer outra, mesmo sem saber o significado de alegoria e metáfora naquela época.  Na adolescência minha leitura era ainda muito inocente, mas aprendi com José J. Veiga que é possível protestar contra aquilo que nos faz sofrer de uma forma artística e bela. Infelizmente, até hoje, os ruminantes continuam a pisotear muito do que amamos, mas como disse o Maior Sábio: basta a cada dia o seu próprio mal – Mateus 6:34b.  

Finalmente relembrei Senhora de Jose de Alencar. Tornei-me adulta admirando a força, elegância e autocontrole de Aurélia Camargos - minha heroína favorita.

Quanto li de lá pra cá. O legal é que nunca perdi a alegria da descoberta, a gostosura do cheiro das páginas e a delícia que é o desgrudar das folhas de um livro novinho…

Como amo as palavras e a forma como podemos registrar o que não merece ser esquecido! Este é o meu objetivo para esse espaço: registrar delicinhas que não quero perder e acho que vale a pena dividir.