14 de jul. de 2011

Marmelada de Banana

A turma do Sítio, copiado de:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_3DMGimgiOz64yz56YAHQXzRopiJepR4EYYXHbKheyLD8GixAagqfTv8Ijgt3_i9M7KLsxoDan4iiOFzB2cCe7OYcQAhrtUtny4nnnZTYM-gBDxTjVglwz3nthwUnWu6sOr9LVzwWAo/s1600/sitio+do+pica-pau+amarelo.jpg


Quando penso em minha infância uma das ternas lembranças que me vem à mente é o Sítio do Picapau Amarelo – obra de Monteiro Lobato adaptada para a TV . Juntamente com a maioria das crianças da década de 80 vivi muitas aventuras do meu sofá! Quase conseguia sentir o abraço fofinho de Dona Benta (Zilka Salaberry), o cheiro da broa de fubá de tia Anastácia (Jacyra Sampaio), as aventuras de Pedrinho (Júlio César Vieira), a meiguice de Narizinho (Rosana Garcia) e as peraltices de Emília (Reny de Oliveira)que, aliás, muito me irritava por ser tão arrogante e sabichona!

Cuca, copiado de: http://www.blogols.com.br/wp-content/uploads/2008/12/cuidadocucablogolsflamengo.jpg
Tinha muito medo da cuca (Catarina Abdalla), tão logo começava a música: "cuidado que a cuca te pega daqui e te pega de lá", me encolhia e às vezes até fechava os olhos. Como todo bom vilão a Cuca não deixava de ser engraçada, debochada e até romântica. Lembro-me de um episódio no qual ela mexia seu enorme caldeirão cantando com voz estridente: “Não há oh gente oh não, Luar como este do sertão” (música de Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco). 


As crianças do Sítio tinham uma bela interação com a natureza e com os animais. Quem assistiu ao programa certamente foi influenciado por Narizinho e Pedrinho neste quesito. Infelizmente, a maioria das crianças de hoje não têm a mesma sorte que tínhamos na década de 80. Hoje, quase não temos casa com quintal, muitas mães trabalham fora e mal conseguem cuidar das atividades da casa e dos filhos, em conseqüência os animais de estimação estão em “extinção”. Algumas crianças, como meus filhos, não têm contato nenhum com bichinhos. Lembro-me de duas meninas que conheci em ocasiões diferentes. A uma perguntaram: Fulaninha sabe de onde vem o leite? E ela toda sabida disse: Claro! Vem da caixinha, Né! A outra conheci no zoológico, assim que a menina viu um avestruz gritou bem alto: Olha a vaca! Os dois episódios foram engraçados porque as meninas tinham menos de três anos e a inocência da descoberta fez com que os deslizes fossem perdoados. Porém, criança que assistiu ao Sítio do Picapau Amarelo jamais confundiria uma vaca com uma caixa de leite longa vida ou com um avestruz! 

Dona Benta e Tio Barnabé tirado de:
 http://s0.flogao.com.br/s11/26/04/07/332/101674916.jpg 
Com o Sítio também aprendemos a respeitar e prestar atenção aos mais velhos. Dona Benta e tio Barnabé eram dois idosos que, cada um ao seu modo, ensinava muitas coisas com suas histórias. Eles se tornaram confidentes e amigos fiéis de Pedrinho e Narizinho.




No Sítio trapinho de pano virava boneca falante. Sabugo de milho virava Visconde (André Valli). Não consigo contar quantas bonecas costurei ou quantas vaquinhas construí com bucha verde e palito de fósforo. Fiz velório e enterro de cigarra. Pisei em formigueiro. Adotei aranhas, explico melhor: no pé de laranja tinha uma folha cheia de ovinhos, peguei, guardei em uma caixinha forrada de algodão e vigiei por dias. De lá saíram um tantão de aranhazinhas que obviamente perdi de vista. Tive coelhos, um galo (Piu) e um pato (Pato Malvado) que corriam atrás de crianças, gato perfumado (Chanis), cachorros (Rintim e Rebeca) e até uma porquinha de estimação (Neguinha) que alimentava com mamadeira, pois a mãe dela morreu. Coitadinha! Tive periquito (Tico) e Pássaro Preto (Maria Preta). No quintal tinha horta e frutas. Para mim, minha casa era como o Sítio de Monteiro Lobato.


Sinto pena dos meus filhos que não têm a oportunidade que tive e vivem em um quintal de ardósia, comem somente aquilo que vem do sacolão. Mesmo conhecendo a vaca, para eles, é como se o leite realmente viesse da caixinha!

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