12 de jan. de 2012

Fico triste com a falta de memória em nosso país

Outro dia travei quase uma batalha com minha amiga que disse que não agüentava a velharia de música que eu ouvia. Perguntei a ela se sabia quem estava cantando e ela disse que não sabia. Fiquei triste, como uma pessoa podia não conhecer o Rebanhão! Aí me lembrei que tenho 36 anos e que em nosso país as memórias: cultural e política são muito curtas.
Me deu uma saudade tão grande que montei uma coletânea com as músicas gospel que eram sucesso nas décadas de 70, 80 e 90 que eu conhecia e gostava. Hoje tudo é normal e possível, temos rap’s, sertanejo e dance gospel. Mas e do nascedouro desta modernidade, alguém se lembra?
Converti-me aos seis anos na Primeira Igreja Batista e nesta época nem se batia palmas durante os cultos.  No início da adolescência conheci Rebanhão, banda que surgiu em 1979 em São Paulo e esteve na ativa até 1999. Era uma banda muito diferente das que eu conhecia, tinha músicas modernas e falava de Jesus com uma linguagem muito próxima à minha! Jamires Magalhães Manso era o principal compositor da fase inicial da banda, um cara sensível, inteligente e crítico da realidade social do nosso país, ousou e criticou em plena ditadura. O Rebanhão não foi muito bem aceito por várias denominações que também tinham sua ditadura própria. Minhas músicas favoritas eram: Baião, Jesus Cristo mudou me viver e Alfa e ômega (que são cantadas nas igrejas até hoje), Jesus, super-herói e Casinha.
Carlinhos Félix era parceiro de Jamires no Rebanhão e ficou na banda até 1991, hoje tem carreira solo com lindas letras.
Da mesma época do Rebanhão, mas em estilo musical diferente eu me lembro do Grupo Elo que cantou poesias de 1970 a 1981. Grupo Logos que é filhote do Elo que iniciou em 1981 e que ainda está na ativa. Boa também foi a atuação do grupo Prisma Brasil é deles a minha música favorita: Eu não me esqueci de ti. O grupo iniciou-se em 1985 segue firme até hoje.
Gostaria muito que os novos cantores bebessem da mesma fonte que os desbravadores da música gospel beberam. Eles, além de servos... conhecedores da Palavra e escritores de letras inspiradoras eram sem sombra de dúvida bons músicos!
Cantar gospel hoje, sem memória histórica é o mesmo que fazer MPB sem conhecer Caetano, Gil, Chico Buarque, Vandré e Tom Jobim!
Obrigada desbravadores da boa música!

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